Omã

Ao contrário do Dubai , Omã é um sultanato e não pertence ao grupo dos Emirados. Tem um governo à parte, uma moeda diferente e uma vida genuína de uma cidade do Médio Oriente.  A ideia que tinha dos árabes era a de que seriam pessoas fechadas, com muito pouca abertura para ocidentais e enganei-me redondamente. Só agora me apercebo que apesar da riqueza gerada pelo petróleo, o seu maior interesse é o turismo. 
São afáveis, simpáticos, não se negam a colaborar numa foto e participam em brincadeiras típicas de outsiders. Nunca vi um olhar reprovador pela forma como nos comportamos e como nos vestimos. Acham que olham para nós com a mesma curiosidade com que nós olhamos de volta. 
Omã é a capital do incenso e acreditem que a cidade emana esse aroma característico. A culpa é de um incensário gigante, talvez o equivalente a um edifício de 5 andares, à entrada do porto, onde queimam constantemente esta substância. Para eles queimar incenso purifica e ajuda a combater todas as maleitas físicas e espirituais. Não querendo discordar, não acredito na totalidade mas acho no mínimo original. 
A visita pela cidade começa no museu da cidade, onde nos foi dada a conhecer muita da cultura. São diferentes nas vestes, nas armas e na forma como se relacionam. Nos Emirados os locais, que muitas vezes não são mais que 30% da população, não trabalham. São donos e senhores, só eles podem ter uma casa, e ninguém pode ter um negocio sem que deles seja mais de 50% da empresa. Na minha terra isso tem um nome feio, aqui é um privilégio de quem nasce simplesmente. 
Em Omã todos trabalham por ordem do sultão. Aqui as reservas de petróleo e de gás natural vão durar 50 anos no máximo e investem na educação ao mais alto nível. Não existem desempregados, todos têm direito a um pedaço de terreno oferecido pelo estado na maioridade, tanto homens como mulheres. Não pagam água nem electricidade, têm acesso gratuito aos serviços de saúde e à educação, até no estrangeiro. 
É obvio que os empregos mais mal remunerados são para os emigrantes indianos, paquistaneses e afegãos, que não têm essas regalias. A forma como apoiam o povo é uma boa surpresa e não posso deixar de concordar que todos os países deveriam seguir este exemplo. 
As viaturas que circulam na cidade não podem estar sujas, nem com amolgadelas, correndo o risco de os condutores serem multados. 
Num pais onde a água é um bem valioso, existem jardins fabulosamente verdes e nas ruas não se vê um papel no chão. As flores que dão a cor aos jardins e ruas, são importadas da Índia e duram duas semanas, com este calor abrasador. Quando murcham, são arrancadas e plantadas novas plantas. 
Descobri, pelo nosso guia do Sri Lanka, que Portugal invadiu Omã no século XV e ainda existem dois fortes nacionais nesta terra longínqua. Gostei do “invadir” em vez de “descobrir”! 
O futebol é o desporto de eleição e quando se fala de Portugal o Cristiano Ronaldo salta logo ao discurso. Imaginem árabes, vestidos a rigor, a teclar no Messenger e a falar de um jogador português? Incomparável! 
Visitei a maior mesquita de Omã, oferta do sultão ao povo, toda feita em mármore importado, onde está um tapete persa com quinhentos metros quadrados e um dos maiores lustres de todo o Médio Oriente. É linda, imponente e enorme! 
Na visita ao souk, o mercado tradicional fiquei chocada com os preços e com o regatear obrigatório. A prata e as pasheminas são o produto mais procurado e aí ou há euros para gastar ou nem vale a pena entrar! Havia muito mais para contar, mas amanhã estou em Fujarah, o parente pobre no meio de tanta ostentação e vamos ver como corre!

Comentários

Anónimo disse…
Tu vais escrever um livro. Ai vais vais... vais que eu sei que vais... nao te esqueças do meu pedido.....aquele....sabes?..... aquele.....
Anónimo disse…
xiça, tou impressionada! toda a gente ter direito a essas coisas... já venho... vou fazer as malas... cácá
Anónimo disse…
Adoro as tuas descrições, quase consigo vê-las na minha imaginação! Realmente é um País com P grande. Salvaguarda, acima de tudo, os seus e conserva ao maximo o país. Livre scesso á saude e á educação? Lindo! Porque é que não somos todos assim?? Era o que precisavamos.
Não pares, estou de olho.
Um Beijo enorme.
Ana Miriam disse…
Impressionante,mas estava a esquecer-me de vir espreitar aqui o blog.Tenho andado com tanto trabalho que parece que até o cérebro está estagnado com o stress.
Adorei ler cada um dos teus textos,porque como alguém já disse consegues dar "asas à nossa imaginação"...a cada parágrafo senti-me aí contigo ! (tchi,quem me dera que não fosse só imagunação..)
Como já disse tantas vezes,espero que a viagem continue a ser muito mais do que aquilo que esperavas e que, no regresso, possas partilhar ao vivo e a cores todas essas emoções guardadas na tua memória.
Bjus grande amiga e, não te esqueças de te divertir...(como se isso fosse possível..hahaha)

Ana Miriam

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