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A mostrar mensagens de abril, 2021

Inertes

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  "Vida colorida" - Wassily Kandinsky(1907) Tenho vários ódios de estimação. Entre eles, está a falta de força.  Não falo de força física, mas da falta de foco e de ambição. Ambição em ser diferente, em ser genuíno. Em estar aberto à vida, querer mais do que já tem.  Conhecer algo diferente, provar um prato desconhecido, sentir algo inesperado, arriscar ser todos os dias um pouco mais. Ver uma pintura, assistir a um concerto, partilhar um sorriso ou um beijo.  Ser feliz, seja como seja. E esta descoberta passa por tantas partes da nossa vida, que por vezes me pergunto, como vive alguém sem força para viver? Não vive.  Gasta tempo. Aquele tempo que não volta atrás.  Tudo o que poderia ter sido, nunca será, porque nunca saem da zona de conforto, do sofá emocional e da rotina.  Vivem num micro cosmos próprio. Vão sempre aos mesmos sítios, conseguem fazer as mesmas tarefas obedientemente durante anos.  Nada é bom, tudo na vida é vivido com lamúrias. Não se impõem, mas queixam-se

Lay Off Emocional

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Sente-se, não se entende, mas existe. É um estado emocional vazio. O passado já não pesa.  Pensar no que foi, não evita o que será. É um desprendimento, uma quebra do que doía. Deveria ser leve, reduzir o peso. Mas não. Deixou de estar, só. Desaparece a ansiedade, a culpa. Vive-se o dia a dia.  Aproveitam-se os momentos, por eles.  Amanhã pode ser diferente, ou não ser nada. Não é um mau momento. Não é um bom momento. É o que é, simplesmente. Sem grandes emoções ou entregas. Só o necessário para manter o equilíbrio. Ou desequilíbrio, quem sabe. O não já não acreditar, faz-nos viver pela metade. É o que nos resta.  Viver pela metade, para um dia ser em pleno.

Lar doce escritório

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  Nesta nova realidade, onde tudo se altera e se adapta, para reagir à circunstância, passou a ser censo comum que o teletrabalho é uma benção. Se estás em teletrabalho, andas o dia todo à boa vida.  Fazes o que queres e tal. Nada te afecta. Pois é, meus amigos, mas só quem passa por isso sabe, o quão pode ser complicado de gerir. Primeiro perdemos as rotinas.  A hora de acordar, invariavelmente cedo, a viagem até ao local do castigo e o castigo em si, durante as horas destinadas, na sentença que se chama contrato de trabalho.  Era uma rotina chata, que fazíamos por obrigação. Deixámos de a ter e nunca pensei sentir a falta.  Agora acordamos 10 minutos antes do log in, ou meia hora para ainda beber um café. Se não desperdiçamos tempo em viagem, podemos dormir mais, tomar banho quando nos der jeito.  Pentear o cabelo para reunião em video chamada, porque ficava mal o estilo desgrenhada. Sim, ninguém nos vê. O que não significa que seja sempre tão libertador como pensam.  Quando já não v

Losers

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  Porque se apaixonam as pessoas? Apaixonamo-nos por aquilo que é bom em alguém.  Por um olhar, uma forma de estar, uma concordância dos astros.  Por tudo e por nada. Mesmo que sejam só os nossos olhos, que vêm o que mais ninguém vê. Tentamos ver coisas onde não estão, ou talvez sim, quem sabe. A paixão usa lentes cor de rosa.  Por vezes os tons combinam. Mas por vezes, não. A forma como se reage à rejeição é diferente, dependendo da relação anterior.  Do tempo de convivência, da partilha de emoções, e da forma como se relacionam. Se era light, é só um mudar de ares e a coisa passa. Se a amizade está em jogo, entra a maturidade e a estabilidade emocional.  Mas se não estão presentes, a coisa complica-se.  A rejeição é frustante. É cruel, voraz. Capaz de matar tudo à sua volta. E aí perdem-se afetos. Toda a ligação que antecedeu, acaba por deixar de fazer sentido.  A raiva absorve o que era bom.  Se partilhavam conversas ou pensamentos, se discutiam posturas e visões de vida, agora nunc