Mensagens

A mostrar mensagens de 2021

E assim ficamos

Imagem
  Nada é garantido.  O ar que respiramos, a água que nos mata a sede, ou a amizade de quem gostamos. De uma forma ou de outra, tudo nos pode ser negado.  Quando pensamos que existem pessoas para a vida toda, estamos a iludir a forma como vivemos. Tudo muda e as pessoas transformam-se em algo. E esse algo deixa de ter a ver connosco. Os amigos são para toda a vida.  É uma verdade, porque vivemos muitas coisas juntos, porque os anos passam e não deixamos, nunca, esquecer o vinculo que nos aproximou, por vezes durante décadas.  Mas também pode ser uma ilusão, quando vimos que estamos em extremos opostos. Actuamos, reagimos e vemos o outro, como se um desconhecido se tratasse. Ninguém gosta de perder afectos, ligações e pessoas, mas por vezes, por mais que tentemos, não existe volta a dar. Pormenores, coisas fúteis e insignificantes, ultrapassam o passado e a vida partilhada.  Os bons e maus momentos, alegrias e tristezas, conquistas e derrotas já não contam. Estão no passado. No presente

O amor vem de noite

Imagem
  Depois de ouvir várias opiniões, a maior parte delas críticas ferozes, decidi ver para poder avaliar. Já sabia de antemão que é uma sátira às novelas típicas dos canais generalistas, as quais me recuso a ver.  São sempre histórias dramáticas, com tramas muito complicadas e que duram uma eternidade.  Não trazem nada de novo e os canais por cabo têm mais oferta. Logo, assim que me cheira a novela, o zapping entra em acção, e viro as costas à ficção nacional. Agora que já vi ( dois episódios imaginem), posso dizer que achei maravilhosa de tão estúpida que é. Os textos são completamente non-sense, e as personagens são uma mistura de outras novelas, em vários canais. A história central passa pelos Bourbon de Linhaça, família que existe há mais de 3500 anos em Santarém. Duas gémeas, filhas do caseiro com a filha do patrão, separadas à nascença.  Esta é a base, de onde nascem personagens hilariantes e pormenores que não lembram a ninguém. É uma surpresa ver a Gabriela Barros, a dar vida às

O Justo e o Pecador

Imagem
  Pormenor "Flower Garden" - Gustav Klimt 1907  Quando a vida já deu muitas voltas ao sol, achamos que temos todas as certezas. Tudo aquilo que já vivemos, ensina-nos, aos inteligentes claro, a perceber e antecipar perigo.  O perigo que nos deixa vulneráveis, desconfortáveis e nos tira do canto seguro, onde preferimos viver. Há gente com vida vulgar, sem nada a acrescentar. Sem dramas, despedimentos, situações marcantes, ou algo que temam. Mas aprendem a defender-se daquilo que os afeta. Seja isso o que for. Somos animais e o instinto, que tantas vezes falamos, diz-nos que não estamos no topo da cadeia alimentar.  Estamos num estágio, onde os teus semelhantes, te tiram o tapete e destroem tudo aquilo porque sonhaste, ambicionaste ou tinhas, na realidade.  Egoísmo, falta de respeito ou simplesmente, porque sim.  E porque não?  Cada um é senhor da sua vida. Desde que para a viver e estar com os demais, nunca passe por cima de ninguém.  Regra mais ignorada, nos dias de hoje. Com

O Universo rodou.

Imagem
  Surgiu do nada. De rompante, voraz e enérgico. Trazia consigo o fascínio do imediato, do rastilho pronto a queimar, da urgência em querer, do cometa que passa. Sentia-se no ar a fragância da sintonia. A pele queimava ao toque ligeiro, como uma traça de encontro à chama. Intenso, envolvente e irresistível.  O mesmo ver, o estar e o sentir. Pedra imperfeita, valiosa no carinho, no abraço e na paixão.  O tempo não passava, a fome não era saciada, quase viciante, ao limite da raiva do possuir e do ter. No beber das palavras, das caricias, dos silêncios já partilhados, no romper as seguranças e certezas.  Sensação de pertença, de confiança e de entrega total. Nada escondido, tudo cru e verdade. Difícil, mas perfeito.  Algo faz muito sentido e quando assim é, nada é impossível. Os planetas conjugaram-se, e o universo rodou.  Ps: Qualquer semelhança com a realidade, poderá ou não ser.  Porque nunca se sabe, se se vive a sonhar, ou se se sonha a viver!  

Sonhos

Imagem
  Pode ser algo estravagante, ou uma coisa simples de conseguir, mas todos os temos. Não se medem, porque cada um sonha à sua maneira. Já realizei alguns, mas surgem sempre nossos desafios e de repente, começo a sonhar com o próximo. É natural e muito saudável.  Quando são os nossos a realizá-los, sinto-os como se fossem meus.  Há dias soube que, um amigo de longa data, foi pai.  Era um sonho, uma meta de vida.  Uma semana depois de o ter cumprido, enviou uma foto para partilhar a sua felicidade.  Não nos falávamos há anos, mas foi como se a ultima conversa tivesse sido ontem. Tal como com outra pessoa, que apesar de estar sempre perto, a vida afasta todos os dias.  Partilhou que ultrapassou e ultrapassa, todos os dias, algo que há bem pouco tempo, seria incapaz de sonhar sequer. Quando os sonhos passam a conquistas, é o momento de celebrar e ficar feliz. Quando continuamos a sonhar, as conquistas estão sempre ao nosso alcance.

A Estrada

Imagem
  Ler é respirar e sem ar, somos nada. E gosto muito de ter ar, de ter visões, personagens e realidades a viver na minha cabeça.  Os livros são como um bom filme, ou uma música que adoramos.  Nunca esquecemos, o que nos marca. Este livro é tão intenso, com tanta emoção e desespero, que ficará para sempre. Uma estrada. Uma viagem.  Um pai e um filho, num mundo pós apocalíptico, sem nada, para além da morte. Um mundo sem esperança, onde um amor tenta sustentar a vida que resta. A forma como o autor descreve a paisagem e tudo o que os rodeia, e como isso os influencia, é tocante. Consegues sentir o desespero da fome, frio e doença sempre latente. Nas entrelinhas,  estreita-se a relação entre pai e filho, plena de emoções e de raiva. Foram duas, as pessoas que me falaram deste livro.  Uma por o achar magnifico, com o qual concordo inteiramente.  A outra, por ser o livro preferido do filho adolescente. Depois de o ler e de o sentir, só posso dizer que a vossa estrada ainda agora começou. Fa

Inertes

Imagem
  "Vida colorida" - Wassily Kandinsky(1907) Tenho vários ódios de estimação. Entre eles, está a falta de força.  Não falo de força física, mas da falta de foco e de ambição. Ambição em ser diferente, em ser genuíno. Em estar aberto à vida, querer mais do que já tem.  Conhecer algo diferente, provar um prato desconhecido, sentir algo inesperado, arriscar ser todos os dias um pouco mais. Ver uma pintura, assistir a um concerto, partilhar um sorriso ou um beijo.  Ser feliz, seja como seja. E esta descoberta passa por tantas partes da nossa vida, que por vezes me pergunto, como vive alguém sem força para viver? Não vive.  Gasta tempo. Aquele tempo que não volta atrás.  Tudo o que poderia ter sido, nunca será, porque nunca saem da zona de conforto, do sofá emocional e da rotina.  Vivem num micro cosmos próprio. Vão sempre aos mesmos sítios, conseguem fazer as mesmas tarefas obedientemente durante anos.  Nada é bom, tudo na vida é vivido com lamúrias. Não se impõem, mas queixam-se

Lay Off Emocional

Imagem
Sente-se, não se entende, mas existe. É um estado emocional vazio. O passado já não pesa.  Pensar no que foi, não evita o que será. É um desprendimento, uma quebra do que doía. Deveria ser leve, reduzir o peso. Mas não. Deixou de estar, só. Desaparece a ansiedade, a culpa. Vive-se o dia a dia.  Aproveitam-se os momentos, por eles.  Amanhã pode ser diferente, ou não ser nada. Não é um mau momento. Não é um bom momento. É o que é, simplesmente. Sem grandes emoções ou entregas. Só o necessário para manter o equilíbrio. Ou desequilíbrio, quem sabe. O não já não acreditar, faz-nos viver pela metade. É o que nos resta.  Viver pela metade, para um dia ser em pleno.

Lar doce escritório

Imagem
  Nesta nova realidade, onde tudo se altera e se adapta, para reagir à circunstância, passou a ser censo comum que o teletrabalho é uma benção. Se estás em teletrabalho, andas o dia todo à boa vida.  Fazes o que queres e tal. Nada te afecta. Pois é, meus amigos, mas só quem passa por isso sabe, o quão pode ser complicado de gerir. Primeiro perdemos as rotinas.  A hora de acordar, invariavelmente cedo, a viagem até ao local do castigo e o castigo em si, durante as horas destinadas, na sentença que se chama contrato de trabalho.  Era uma rotina chata, que fazíamos por obrigação. Deixámos de a ter e nunca pensei sentir a falta.  Agora acordamos 10 minutos antes do log in, ou meia hora para ainda beber um café. Se não desperdiçamos tempo em viagem, podemos dormir mais, tomar banho quando nos der jeito.  Pentear o cabelo para reunião em video chamada, porque ficava mal o estilo desgrenhada. Sim, ninguém nos vê. O que não significa que seja sempre tão libertador como pensam.  Quando já não v

Losers

Imagem
  Porque se apaixonam as pessoas? Apaixonamo-nos por aquilo que é bom em alguém.  Por um olhar, uma forma de estar, uma concordância dos astros.  Por tudo e por nada. Mesmo que sejam só os nossos olhos, que vêm o que mais ninguém vê. Tentamos ver coisas onde não estão, ou talvez sim, quem sabe. A paixão usa lentes cor de rosa.  Por vezes os tons combinam. Mas por vezes, não. A forma como se reage à rejeição é diferente, dependendo da relação anterior.  Do tempo de convivência, da partilha de emoções, e da forma como se relacionam. Se era light, é só um mudar de ares e a coisa passa. Se a amizade está em jogo, entra a maturidade e a estabilidade emocional.  Mas se não estão presentes, a coisa complica-se.  A rejeição é frustante. É cruel, voraz. Capaz de matar tudo à sua volta. E aí perdem-se afetos. Toda a ligação que antecedeu, acaba por deixar de fazer sentido.  A raiva absorve o que era bom.  Se partilhavam conversas ou pensamentos, se discutiam posturas e visões de vida, agora nunc

Hoje

Imagem
  Hoje nada mudou, e tudo ficou diferente. Já não espero por ti, mas continuas a ser tu. Estás presente, quando deverias estar esquecido. Nos sonhos, na vida e na recordações. O sentimento mantém-se, como um espinho na carne. Mas vida segue e não espera. Nem por ti, nem por ninguém. Hoje sei que mereço tudo, e tu nada tens para me dar.

O Outro

Imagem
  O outro, são os que sobram. São o vizinho, o padeiro ou o desconhecido, com quem nos cruzamos.  O idoso que diz bom dia, o polícia que nos multa, a pessoa que segura a porta do elevador, quando estamos com pressa.  Podem ser estranhos ou íntimos, mas nunca deixam de ser algo exterior. Quantas vezes um amigo, um amante ou um familiar, se tornam algo distante de nós próprios. O eu prevalece sempre, perante o que é mutável. Mas também prevalece, quando se mantém.  Viramos a cara ao problema não é nosso. Fugimos porque não temos nada a ver com o assunto, ou limpamos a água do capote, porque não nos diz respeito. Sermos nós, inclui sempre todos os outros.  Não somos eremitas, nem somos imunes ao que nos rodeia. Talvez não sobrem, os tais outros, mas adicionem. Da próxima vez que pensarem no outro, de uma forma alheia e desprendida, quase egoísta, pensem que o outro também somos nós. 

Viver

Imagem
  Houve um tempo em que o meu coração, existia simplesmente para respirar, para continuar a sobreviver. Foi-se fechando um pouco mais, de cada vez que o magoavam. Criei barreiras, muros, desculpas e até defeitos, para me afastar de tudo e de todos. Se era consciente ou inconsciente, não sei.  Sentia que não merecia, que não era o suficiente.  Nunca mais seria, o suficiente para ninguém. Eram as pessoas ou era eu? Não conseguia distingir. Hoje voltei a ser eu, sem precisar de validações para me sentir inteira. Não me esforço por caber, por me inserir. Porque o esforço não leva a nada. Sabemos sempre, bem no fundo da alma, onde podemos estar e onde não somos desejadas. Voltei a dar, porque no fundo essa é a minha essência. Não consigo viver fechada e sem sentimentos. Posso tropeçar e cair novamente. Gostava que isso não acontecesse, mas se for esse o caso, cá estarei para me levantar, limpar a poeira e seguir em frente.  Tudo faz parte de nós, e nem tudo é mau. Existem sempre coisas boas

Amigas Improváveis

Imagem
  Árvore da Vida ( 1905 ) - Gustav Klimt Conheci-a no café do bairro.  Partilhava mesa com outras senhoras da mesma idade.  Todos os dias, foram o meu primeiro bom dia.  Tinha de sorrir logo pela manhã, e isso fez de mim uma pessoa melhor.  Criámos uma ligação que, por mais improvável que seja, não deixa de ser reconfortante. Mas ela é especial.  Vejo nela, muito de mim. Independente, solitária, de palavra fácil e de sorriso contagiante. Adora arranjar as unhas e o cabelo, comprar roupa e viver o momento.  Recorda os velhos tempos, sempre com episódios matreiros, da vida de jovem numa aldeia em Vila Real.  Depois remata com a vida boémia que teve, desde que veio para Lisboa.  Tem um humor sarcástico e certeiro, mas é uma pessoa fantástica.  Um diamante, totalmente polido e muito real. Comecei a preocupar-me quando não a via, a dar-lhe conselhos e a resolver os pequenos problemas, que os seus 69 anos já não conseguem superar.  Acertar o despertador digital quando a hora mudou, colocar s

Até as pedras precisam...

Imagem
Um dia disseram-me que sofro por ser pura.  Sou o que sou e nada mais.  Amiga do seu amigo, até ao limite. Estou sempre lá, sem cobrar e sem esperar. Amante do seu amante, até ao desencanto. Fico e estou, até existir reciprocidade. Dou sem esperar em troca, não alimento mágoas nem ressentimentos.  Não exijo, nem corro atrás de ninguém, porque se for importante, nada acaba.  Se nunca foi importante, mais valia não ter existido.  Não quero ser perfeita, porque não ambiciono a perfeição.  Quero sim ser respeitada, amada e cuidada, tal como faço com os que me rodeiam. Não exijo nada que não mereça, e que não dê em troca.  Não sou nem intransponível, nem invisível, nem gosto de zonas cinzentas.  Quando dizem que gostam de mim, aceito que posso ser dificil de gostar, mas não rejeito afetos.  Não gosto de mentiras, de falsas atitudes e desculpas fracas e sem sentido.  Não me arrependo de nada.  O que faço e o que sinto, é sempre verdadeiro.  A minha consciência está tranquila.  Sou igual ao