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A mostrar mensagens de julho, 2020

Feminicídio

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Todos os dias, ou quase todos, lemos noticias sobre feminicídio. Todos sabemos que existe, mas continuamos a ignorar, a olhar para o lado.  Pensamos que é um problema pessoal, que não devemos meter-nos em coisas que não nos dizem respeito. Mas dizem! Dizem respeito a toda a gente! Morrem mulheres em contexto de violência doméstica, e vão continuar a morrer. A lei não ajuda, a força de vontade para saírem de situações limite falta a muitas.  Continuam a acreditar que "ele vai mudar", que "só me bate porque me ama" ou "nunca vou conseguir afastar-me dele". Mas quem faz a primeira, fará todas as outras, com a impunidade do "já não é a primeira vez". Começa com a violência verbal, com o comentário desagradável, e sobe rapidamente para insulto gratuito. Daí é só um pequeno passo para a agressão física, que dura anos, em alguns casos. Sei que estas palavras não resolvem.  Sei que podíamos fazer mais. Sei que todas as que estão nesta situação, vão conti

Um dia

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Podia ter sido um dia qualquer, mas não foi. Sais de casa para ir trabalhar e enfrentar uma hora de transportes públicos.  O que significa que naquela hora, vais tentar não tocar em nada nem em ninguém, fazendo equilibrismo matinal. No fundo é um misto de atenção redobrada, respiração afectada pela máscara e muita paciência para gente parva. Um dia de escritório e torna a repetir, a mesma lengalenga na volta a casa.  Para respirar um pouco de ar, decides vir a pé uma parte do percurso e abdicar do autocarro. Aqui nada de novo. Distanciamento social aplica-se sempre, desde que não chova. Mas agora com esta situação, até a chuva se aguenta melhor. Finalmente chegas à porta do prédio. Só pensas num duche e jantar alguma coisa.  Missão cumprida!  Não!  Ainda tens de subir 8 andares a pé, sem luz nenhuma, a não ser a lanterna do telemóvel.  Tens de te cruzar com mais gente parva, e tens de colocar, novamente, a máscara!  E enquanto sobes, pensas que só faltava não teres luz em casa, enquant

Original Fake

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Deixámos de ser genuínos. Já há poucas coisas puras o suficiente.  Vivemos numa sociedade assente em tudo, menos naquilo que acreditamos que ela seja.  Sobrevivemos num estado de direito, corrompido pela ganância, interesse e poder.  Respiramos as tendências da moda, usamos cílios postiços, seios implantados, lábios e sobrancelhas tatuados.  Exibimos traseiros fabulosos e ancas a combinar. Esticamos os olhos e retocamos o nariz, fazemos depilação definitiva e as nails. Só compramos carros eléctricos e produtos biológicos. Adoramos ser originais, com novos alimentos, com as novas apps e com a internet a exigir sempre mais. Vem tudo ter a casa, nem precisamos levantar o rabo do sofá, a não ser para a abrir a porta e passar o cartão, sempre com contact less, porque está a dar um jeitão. Chega o açaí e a framboesa, a carne que não é bem carne, nem é bem planta. Fica ali a meio termo. Vem o livro ou o cd, as chaves ou as compras que não nos apeteceu fazer, com iogurtes sem leite, a aveia e

Gotas de água

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Quando penso em nós, penso em duas gotas de água.  Tão iguais na essência, mas tão diferentes na forma. Quando se formam só sempre únicas e tu és única na minha vida. Sei que ja ultrapassámos montanhas difíceis e vales verdejantes. Que soubemos ouvir e apoiar, estar presente ou omnipresente. Sempre, desde o grito da adolescência, do presunto e do vinho da Custódia! Mas cá estamos, vivas e sempre a olhar em frente. O que sinto quando te sei em sofrimento, não consigo explicar.  Mas sei que não é importante. Porque sei que sabes, tal como eu.  Não te sintas nem sozinha, nem sem saída! Quando sabes que alguém te adora tanto como eu, nunca poderás deixar de acreditar. Eu nunca deixei, embora por vezes possa vacilar. E tu és parte importante dessa minha forma de estar. Sempre foste uma guerreira. Silenciosa, subtil mas sempre a respirar. Os guerreiros também são aqueles que sobrevivem, para poder viver novamente. Para além da minha mãe, deves ser a única mulher a quem posso dizer que amo! E

British Gansgters

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Viciante. A primeira palavra teria de ser esta.  Quando a escolhi, entre muitas outras, foi por ser britânica e uma ficção histórica. Decidi ver melhor e logo no primeiro episódio, fiquei maravilhada. Peaky Blinders ainda hoje, é o cognome de qualquer gangue de rua em Birmingham. A série é baseada em personagens reais, que dominaram o crime organizado entre 1910 e 1930, nesta cidade inglesa. É deliciosa, e tem uma banda sonora que inclui David Bowie e Black Sabbath, entre outros. Adoro a luz e a cor, tal como a falta das duas. Lidar com o nevoeiro e a chuva, pode dar imagens brutais. Se gostam de algo crú, duro, enérgico e violento esta é a vossa serie. Mas se gostam de amor, compaixão, sofrimento e superação, também podem gostar. Deixo à vossa consideração, e depois digam-me como correu!

Geminiana

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Se não fosse como sou, não seria a mesma coisa, e ser geminiana também faz parte de mim O senso comum é que temos duas caras. Que eu saiba, só nasci com uma.  Logo o senso comum está errado. A única característica que pode refletir essa dualidade é a forma rápida como mudamos, tanto de assunto como de interesse. Mas não deixa de ser positivo, pois transforma-nos em seres comunicativos por excelência.  Somos inteligentes e isso torna-nos muito sociáveis. Temos conversa para quase tudo, e não há desconhecidos que nos intimidem. Desde que sejam tão abertos como nós, as horas vão passar e nem vamos dar por isso.  Da mesma forma que exibimos, também absorvemos tudo aquilo que nos é passado. Seja o que seja, vai ficar no disco rígido para usar no futuro. Adoramos controlar as coisas lógicas da vida. Não há responsabilidade que seja ignorada ou muito menos esquecida. Tudo muito claro e controlado, sempre.  Porque disso depende a consciência leve, que nos permite voar nos pensamentos, e lavar