Feminicídio
Todos os dias, ou quase todos, lemos noticias sobre feminicídio.
Todos sabemos que existe, mas continuamos a ignorar, a olhar para o lado.
Pensamos que é um problema pessoal, que não devemos meter-nos em coisas que não nos dizem respeito.
Mas dizem! Dizem respeito a toda a gente!
Morrem mulheres em contexto de violência doméstica, e vão continuar a morrer.
A lei não ajuda, a força de vontade para saírem de situações limite falta a muitas.
Continuam a acreditar que "ele vai mudar", que "só me bate porque me ama" ou "nunca vou conseguir afastar-me dele".
Mas quem faz a primeira, fará todas as outras, com a impunidade do "já não é a primeira vez".
Começa com a violência verbal, com o comentário desagradável, e sobe rapidamente para insulto gratuito.
Daí é só um pequeno passo para a agressão física, que dura anos, em alguns casos.
Sei que estas palavras não resolvem.
Sei que podíamos fazer mais.
Sei que todas as que estão nesta situação, vão continuar a estar, se ninguém lhes der a mão. E perderão a vida, porque ninguém as ajudou a levantar.
Também sei que algumas conseguiram sair, e embora os traumas resistam durante muito tempo, podem agora sentir-se livres.
Custa muito mudar, e por vezes pensam que tudo não tem sentido.
Mas tem. O sentido da vida, que passa muito rápido, para sofrer todos os minutos.
Admiro as mulheres. Tanto aquelas que carregam esta vida, sem opções de saída, como aquelas que fazem frente aos criminosos, com quem partilharam a cama um dia.
Não posso é compreender, como continuam a morrer mulheres todos os dias.
Não é um problema novo. É um problema antigo, com uma lei que não se adapta a salvar vidas.
Só depois de mortas é que são noticia. Antes disso, é só mesmo um problema dentro de portas que a ninguém diz respeito.
Até quando?
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