A menina do Pai
Já passaram 5 meses, e ainda me sinto a menina do Pai.
Esteve sempre lá. Nunca foi muito carinhoso ou atencioso. Era um pai antigo, que achava que ganhar dinheiro para a família era importante. A mãe que cuidasse das crias.
Quando veio o 25 de abril, enviou-me para Lisboa, com medo do que pudesse acontecer a uma criança de um ano. Sei que nunca mais cortou a barba, até eu voltar a Africa, um ano depois.
Não era perfeito, mas deu-me as bases para o que sou hoje.
Dizem que sou parecida com ele fisicamente, na rectidão das coisas bem feitas, na generosidade e empatia.
Morreu em catorze dias, demente, e completamente alheio ao que o rodeava.
Mas sempre fez o que quis, teve uma família que o amava e que nunca o deixou sozinho, embora ele pensasse que sim.
No final fica sempre muita coisa por dizer, por abraçar, por sentir.
Uma coisa será sempre certa, tu vais sempre ser meu e eu vou sempre sentir a tua falta, meu pai.
Até um dia!
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