MANGOLÉ
O comum deixar para depois, tão característico dos portugueses, passa a ser, em Angola, o deixa para amanhã. Este é o lema do jeito mangolé.
Os adeptos são normalmente afáveis, divertidos e dispostos a colaborarem connosco, mas antes de combinar algo com alguém é necessário descobrir se é ou não...
“Vou já fazer ya? Espera so!” – É a resposta que se obtém quando pedimos alguma coisa. A expressão pode ser repetida uma hora depois quando reiteramos o pedido. Quando a espera ultrapassa os limites, a paciência estoira!
Os mangolés têm o cardápio de desculpas mais original do mundo, existindo sempre uma para cada ocasião.
Quando não realizam uma tarefa saem pérolas como: perdi o avião e as bagagens; aconteceu uma grande desgraça; enviei o email há um mês atrás e não sei fazer foward; fiz tudo mas deitei fora por acidente; não sei escrever; esqueci-me; fui roubado; estive muito doente com paludismo; estive perdida no mercado Roque Santeiro durante 4 dias; o candongueiro avariou; estava a chover; fui agredido na cara e estou muito feio para sair de casa e a minha preferida é estou a chegar!
Todas estas desculpas servem para dizer, em jeito mangolé: Desculpe, não fiz o que me pediu!
Quando não aparecem num encontro... a minha prima atropelou um zungueiro que estava a vender cigarros, que se espalharam pelo chão; o trânsito não me possibilitou estar presente; perdi-me na cidade e não conseguia voltar; estou diarreia e não pude ir; acordei com 37 de febre e a top das tops será o simplesmente não aparecer, não atender o telemóvel e fazer-nos esperar até à exaustão.
A solução será sempre conviver com eles, porque não o fazem por mal, mas sim porque é uma forma de ser. A níveis profissionais ao primeiro sinal de mongolé é necessário que se evite!
Afinal é melhor prevenir do que remediar aquilo que, por natureza, não tem remédio!
PS: Zungueiro: vendedor ambulante que circula no meio do trânsito. Vendem desde pipocas a cabides, extensões e relógios, latas de fruta e red bull, entre muitos outros.
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