A menina do Pai

"Olá, tudo bem? Estava a pensar em ti e até bati com o carro!"

O texto acima é de uma mensagem escrita que recebi ontem de manhã. 

Sei quem a mandou, um amigo, mas continuo sem entender como é que alguém pode bater com a viatura, por estar a pensar em mim!

Este meu amigo é extremamente peculiar. 

Os seus trinta e poucos anos e alguns acidentes de mota, tornaram-no naquilo que ele hoje é, embora já me tivessem dito que antes era bem diferente. 

É boa pessoa, sem dúvida, mas não deixa de ser um pouco lunático, muito teimoso e quase inultrapassável em assuntos tão banais como a informática, a política e a forma como trata as mulheres. 

É um solteirão sem convicção, com gosto por brasileiras do nordeste (porque neste terreno pode ser o machão incorrigível), e cheira a frango o dia inteiro. 

Trabalha numa churrasqueira (que por sinal é dele) e seja dia ou noite, fim-de-semana ou feriado o cheiro anuncia-o a léguas.

É motard à maneira antiga, mas já se queixa que lhe doem as costas em viagens longas. 

Adora cerveja, heavy metal e de dar porrada nos amigos. São pancadinhas leves (segundo ele) que tiram o folêgo a qualquer um. Quando não são de mão aberta, são cotoveladas enquanto fala, porque se ele fala todos têm de prestar atenção.

Enfim, este é o meu amigo, que pelos vistos pensa em mim e perde a noção da realidade. 

Quando lhe perguntei o que se tinha passado, ele respondeu com um sorriso ternurento:

 -" Quando penso em ti, fico fly way!!"