A Manhã da Andorinha
O dia começa cedo e quando digo cedo, não brinco. Ás 6 da matina o sol nasce e como por estas bandas não conhecem estores, ele entra pela janela e toca a despertar. Invariavelmente viro-me para o outro lado, com a almofada por cima da cabeça e tento dormir mas...
Às 7 chega a minha querida Eva e com ela um novo despertar.
Quando decido levantar-me dois pensamentos cruzam a minha mente:
Será que tenho água?
Será que tenho luz?
Luz? Dizem vocês?
Luz? Dizem vocês?
Pois é, aqui quando não há luz também não há água, porque a bomba, a santa bomba é eléctrica. Fenomenal não é?
Num dia feliz, tenho as duas coisas. Num dia menos afortunado tenho necessariamente que tomar “banho de garrafa”! Não conhecem o termo? Acredito e por isso explico: banho de garrafa é, como o próprio nome indica um banho com água armazenada em garrafas de litro e meio. Além de a água estar fria, não imaginam como é complicado controlar a dita garrafa com as mãos ensaboadas.
É uma comédia pensam vocês… mas acontecer todos os dias, de manhã e à noite deixa de ter piada e começo a ter vontade de arrancar orelhas à dentada.
O caminho até ao emprego não é dos piores, mas frequentemente optamos por caminhos alternativos, diga-se de terra batida, com os saltos e arremessos inerentes a uma prova de todo o terreno. Optamos porque o normal está com filas descomunais devido a uma passadeira!! Imagine-se!!
Para passarmos o tempo ouvimos música ou então aparvalhamos de vez e devo dizer-vos que a minha equipa lidera isolada com o meu chefe ao comando, quando está para aí virado. Quando acorda atravessado fujam porque ele morde!! (brincadeirinha chefinho tá?).
Chegados à estação, vamos beber café à Moviflor em tamanho mini aqui da zona, onde uma menina a quem ensinámos a tirar cafés curtos nos sacia a necessidade de cafeína. Quando não há luz ( e mais uma vez a luz) não há café para ninguém e começa o mau humor.
No quadro seguinte não faltam são homens vestidos de azul, com capacetes, óculos de protecção e martelos pneumáticos em plena acção. Entramos na área obral da questão, vulgo o local onde trabalhamos. Nem vale a pena descrever a cena porque obra é obra, tanto aqui como aí!!
Trabalhar no terceiro andar de um edifício onde falta a energia dez vezes por dia é no mínimo estafante.
E a manhã passa-se a tentar trabalhar, na melhor equipa da estação, diga-se de passagem, onde a animação reina nem que seja nas conversas mais disparatadas que já ouvi. Enfim o que interessa é que o tempo passe e que consigamos manter a sanidade mental!
E esta é uma manhã típica vivida por esta vossa amiga expatriada…
Como podem avaliar é complicado o amanhecer em Angola e por isso a tarde passará para outro post igualmente longo e muito difícil de escrever, com as condicionantes inerentes a quem vive em África!
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