KAMIKAZES ANGOLANOS

Quem pensava que kamikazes era uma coisa de país do sol nascente engana-se.
Por aqui existe uma nova raça de destemidos suicidas, que povoam as estradas e acreditem que nunca viram nada igual.


Para conduzir por aqui é preciso ter sangue frio, habilidade e não ter medo de nada. Sinais de trânsito quase não existem e quando os há parece que nem por isso.
Não existem faixas rodoviárias e o espaço desdobra-se consoante a quantidade de automóveis que cabem lado a lado. As mudanças de faixas (que já não existem mesmo) são realizadas indiscriminadamente e sem regras. Atiram-se, literalmente, uns para cima dos outros e salve-se quem puder. Estranhamente não discutem no trânsito e a buzina é o extra mais valioso no veículo. Pode estar a cair aos bocados, mas se não a tiver quase não pode circular. Aqui não fazem sinais de luzes, não existem prioridades ou cedências de passagem, e passadeiras esqueçam. Para atravessar qualquer estrada é preciso sorte, rapidez e muita audácia.


Andar de mota ou de bacalhau versus acelera, consegue ser ainda mais arriscado. Sem capacetes, porque o trânsito não é nada perigoso, eles ultrapassam por todos os lados, andam em sentido contrário e seguem felizes e contentes com as suas buzinadelas.

Os kandongueiros, a única forma de transporte público que existe, são ainda mais acutilantes e quase incompreensíveis a conduzir. Como se diz na minha terra “é sempre a aviar cartucho”!!

Pela direita, pela esquerda, nas bermas, nos passeios, tudo vale para conseguirem circular. Cada “bilhete”, se assim se pode chamar, custa 50 kuanzas e cada um tem um percurso definido. Têm um cobrador que, com a falta de espaço natural, anda quase sempre em cima dos passageiros ou sentado numa janela com o rabo de fora. Todos eles têm uma identificação própria escarrapachada no vidro traseiro, que se resume em frases do tipo “Os Brasa”, os “Os Puma” ou algo mais distante da nossa compreensão do tipo “ Nganza do Sul” ou diabo que o valha!!

A coisa mais estranha, para nós aves raras nesta sociedade, é que existem paragens determinadas, embora para nós seja só um amontoado de gente no passeio, que se encolhe quando o táxi azulinho o galga sem pré-aviso, para recolher ou deixar passageiros.

Para quem me conhece, é obvio que nunca irei conduzir neste país de aceleras compulsivos, onde a única coisa que realmente anda rápido são mesmo os automóveis. Acreditem que mesmo no banco de trás da nossa zimbonete, os sustos são de tirar a respiração e passam por apertos entre camiões TIR a menos de meio palmo de distância ou verdadeiros abalroamentos em plena circulação.
Enfim a máxima aplica-se na perfeição: em Angola sê kamikaze senão não chegas a lado nenhum!!!


PS: As fotos anexas são dos nossos kandongueiros em plena acção!!

Comentários

Anónimo disse…
Aí é que eu tava bem com o meu Twinguizinho, queria lá saber de me perder, ou nao ver um sinal de trânsito... Isso é a loucura! Até tu conduzes melhor que eles... ihihih maldadinha...
Anónimo disse…
E essas fotos foste tu que tiraste?? Muito à frente... sim senhora...boa onda ... CÁcá

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