Os de cima...
Casal nos seus quarentas e uns tantos.
Ele militar de carreira, embora se dedique basicamente à manutenção de aviões ou algo parecido. Uma pessoa de poucas falas, discreto e muito educado.
Ela é uma daquelas donas de casa que engordam depois de parir, e neste caso já lá vão dois, muito loira e sempre com a ultima moda, nem que seja aquela onde cabe a custo, diga-se de passagem.
Até aqui nada de novo, até que o dito sai em comissão, para um país da Europa.
A dona de casa sente-se sozinha e decide aproveitar o ombro amigo, e acho que um pouco mais também, do comercial da televisão por cabo.
Sem dúvida que ela deve ter comprado muitos pacotes de canais, mas o pacote era outro e a paixão aconteceu.
Continuava a viver a sua bela vida de dona de casa, mas tinha assistência técnica para manter a máquina oleada e os canais sempre sintonizados.
As aparências por vezes iludem, mas como este não era o caso, as más línguas fizeram o resto. Um telefonema para o marido extremoso e a barraca estava armada.
Ela abandona o lar e os filhos, embalada pela toada jovem e com sotaque do nordeste. Mas como nem tudo o que luz é ouro, ao fim de uns meses o peschisbeque ficou sem brilho. Aliás, ter de trabalhar para viver era duro e difícil.
Ele fica e assume a educação dos filhos, com a sua calma e ponderação.
Agora, talvez seis meses depois, ela pede para voltar.
Ele aceita-a novamente.
Passeiam de mão dada na rua e transpiram felicidade.
Parece-me que o segredo da felicidade passa por um abre olhos para um e um pouco de peso a mais na testa de outro.
Digam lá que o amor não é lindo?
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