Crónicas de Uma Viagem Atrás dos Montes

Fourth Chapter

Hoje era o dia dos "burricos" e não desiludiram. São giros, afáveis, muito curiosos e grandes! Sinceramente não fazia ideia que eram tão grandes. Sempre pensei neles como bichinhos um pouco maiores que póneis, mas afinal são quase do tamanho de cavalos, com uma cabeça similar e quando estão interessados em algo dão umas dentadinhas que deixam marca. Ah pois é... e zurram como gente grande. Os juniores têm pelo comprido o que lhes dá um ar de boneco de peluche. Como fiquei a saber nem todos são fáceis de montar e têm personalidades muito diversas e quando não querem fazer algo quase ninguém os consegue obrigar ou convencer. Uma dúvida que persiste... porque é que lhes chamam burros? O que vi foi um animal extremamente perspicaz e inteligente.

Acabadas as “burrices” voltámos à civilização, desta vez por caminhos alternativos, com paisagens lindas mas muitas curvas, tantas que até o estômago se ressentiu. Com a cidade veio a chuva o que tornou escuro o resto do dia. 

A hora do jantar veio rapidamente e as iguarias eram tantas, a vontade de nos encherem de produtos regionais era tão forte, que sinceramente não me lembro de comer até não poder mais, como nesta noite. As entradas divinais, a carne (mais uma vez como não podia deixar de ser) deliciosa e a sobremesa já nem cabia. 
O descanso era imprescindível mas quem conseguia dormir com uma digestão tão complicada a decorrer? Mas bem pensadas as coisas não havia muito mais a fazer. A televisão do hotel só emitia os canais nacionais, porque por cabo deve ser desconhecida atrás dos montes com certeza e até a internet só estava disponível na recepção básica do nosso H TEL. 

O sono veio com o pensamento da partida para novas paragens. A cidade não deixa saudades com as suas gentes obscuras, com a tristeza estampada em cada rosto. Nunca ouvi uma gargalhada, uma boa disposição ou algo que transmitisse que estão de bem com a vida. Se calhar até estão, vivem de acordo com o seu meio e restringem a sua personalidade ao seu circulo restrito, mas não deixa de ser uma imagem cinzenta, velha, alheada da realidade, limitada na evolução e muito aquém daquilo que os folhetos turísticos tentam mostrar.

Comentários

Anónimo disse…
Crónicas muito giras e com grande sentido de humor.Continua a escrever que tens jeito, qui ça até edites um book. Parabéns


Rita

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