UMA CASA SEM PAREDES...

Vejo em ti a felicidade estampada no rosto, aquela que queria para mim. Vejo em ti a esperança de quem não acreditava no amor e na felicidade, de quem se entregou ao destino e agora vai mudá-lo. Tenho a certeza que o vais fazer. Não por ele, não por ti, mas pela tua vida. Quem me dera ter essa força, essa inocência que nunca se perdeu, esse poder de acreditar que a vida é aquilo que fazemos dela.
Luto. Todos os dias luto por aquilo que anseio, mas nunca o consigo encontrar. Mente insatisfeita? Talvez. Busca incessante que nunca vai terminar? Possivelmente.
Talvez a minha hipótese tenha passado, o meu tempo talvez não volte atrás, ou será que passas-te por mim e nem dei por ti?
Ignorei-te ou menosprezei-te de tal forma que perdi o encanto aos teus olhos?
Se o fiz não é o arrependimento que me vai salvar do limbo onde me encontro. Não estou mal nem bem… sobrevivo à tona, respiro o pouco ar que me dás mas não o suficiente para encher os pulmões e gritar o mundo que consegui o meu objectivo. Sinto-me um ser errante sem um membro vital. O meu coração parou quando deixei de amar. Quando me fechei e pensei que nunca mais ia acreditar no amor por si só. Um dia funcionou, bateu livremente, bombeou sangue e sentimentos, do peito até á ponta dos dedos, vivi intensamente… mas agora sobrevivo.

Não admito erros. Já errei e sei o que custa encaixar o que fica depois. Não consigo apanhar os bocados de vida que ficam espalhados como se de um terramoto se tratasse. Não tenho força para erguer paredes e abrir janelas. Mantenho-me fechada sem paredes, mas com muros sólidos que ninguém parece querer ultrapassar.
Tornei-me fria e distante, como o fechar de uma janela que nunca mais se irá abrir. Porque será que ninguém me ouve? Será que não mereço voltar a sentir pulsar nas veias o elemento que me falta para ser realmente eu?

Eu existo, sou real, palpável, choro, ri-o, emociono-me, sinto, tenho saudades, entristeço com o céu cinzento e magoo-me, crio um hematoma que logo procuro curar e sei que ali dói… ali não vale a pena tentar. Dói e dura muito até passar.
Mas… aquilo que vejo em ti dá-me força para continuar fechada no meu recanto obscuro, porque mesmo que o amor não me descubra, sei que te viu e que mereces tudo aquilo que ele te puder dar. Sobrevivo não com a minha felicidade… mas ao ver felicidade dos outros. Pode ser momentânea, ilusória e instável… mas existe. Para mim chega acreditar que é real para continuar a sobreviver…

Comentários

Anónimo disse…
Não há comentários possiveis a este texto. Ajuda-me a conhecer-te melhor pois revelas aquilo que realmente sentes... É bom limpar a alma através das palavras.
És uma pessoa excepcional e ... mais não digo!!!
Anónimo disse…
Faço minhas as suas palavras.Não acredito em porcaria de amor,paixão etc. Só de pensar o k me chateia depois ficar a moer três meses o assunto!!!!
Esqueça o assunto. O k nos dá tranquilidade não é objecto de reflexão escrita.
Filipa G.

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