A vida faz falta

Sinto falta dela. Todos sentimos. Agora vemo-la de outra forma, quase à distância. 
O que era quase intrínseco, passou a ser uma realidade que agora analisamos ao pormenor. Não tínhamos consciência de que nos afectaria tanto.
O abraço que nunca gostei particularmente, o convívio com todos, mesmo com aqueles que nunca ocuparam grande lugar. O beijo à família, o carinho com os imensos sobrinhos, o andar para limpar a alma. Quando é que iríamos supor que tudo isso nos seria vedado? Nunca, dizem todos. Nunca na vida, digo eu.
Quando reclamávamos sobre ser segunda feira, que o fim de semana fugia rápido, que o tempo na esplanada era sempre curto. Quando ansiávamos pelas ferias, pelos feriados e pelos momentos de sofá e de não fazer absolutamente nada, nunca pensámos que seria possível ter algumas imediatamente, e descartar outras. A vida sempre a surpreender e a testar a nossa capacidade de adaptação. Uns mais outros menos, mas todo o ser humano se adapta. O pior é orientar a mente para uma realidade tão contra o que cada um é, e se habituou a ser.
Agora é tempo de separar o trigo do joio, de ver e de pensar, pensar muito. Sobre aquilo que realmente nos é essencial. O que é importante e o que afinal, até não sentes falta.
Mas também para nos conhecer-nos melhor. Já vivi dois períodos de distanciamento social e sei bem o que nos ensina. Fortalece-nos e torna-nos resistentes. Sofremos e desesperamos, acordamos todos os dias a desejar ser um pesadelo. Mas no final acabamos sempre por sobreviver, talvez com algumas mazelas, mas sempre com a sensação de superação, até aí desconhecida. Sabemos que, se a vida nos rasteirar novamente, podemos tropeçar, mas cair será mais difícil.
Pensem no hoje como algo a superar, seja mais difícil ou mais fácil, mas sempre com os olhos na vitória!

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