O ser e o dever
Esta preocupação da sociedade portuguesa com tudo aquilo que é diferente, deixa-me um pouco dormente e desiludida. Tudo na vida evolui. Porque não as regras que regem a forma como vivemos, como nos relacionamos e como morremos?
Na altura da legalização do aborto ou da legalização do casamento homossexual, vimos perfeitamente a luta interna de muitos, na indecisão de seguir num sentido conservador ou na abertura a uma nova realidade. Sinceramente, não existe nada de novo.
Quantos abortos eram efectuados em vãos de escada ou quantas pessoas escondiam a preferência sexual, com medo o escrutínio geral? A realidade estava lá, embora tímida e na sombra.
O mundo não são só aqueles velhos do Restelo, que temem o desconhecido, porque nunca o experienciaram.
Não temos de ser todos contra ou a favor. Existe muito cinzento, entre o bem e o mal. Aquele tom onde vivem os que não se preocupam com outros mundos e outras realidades, desde que não colidam. Esses optam pelo direito a poder escolher.
Não são diferentes dos demais, não se incluem em nenhum dos campos, mas gostam de viver numa sociedade mais aberta e evoluída.
Tal como eu vejo a vida de uma forma, não pressupõe que todos tenham de ser como eu. Gosto de ter a alternativa de escolher. Sempre gostei de ter a rédeas da minha vida. Sinto-me melhor, se a sociedade em que vivo, possa produzir leis que nos dêem a todos esse poder, seja qual for a tendência, credo ou passado. Um direito não se traduz num dever. Só nos dá a oportunidade de ser.
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