Os da Chã.
Foi a primeira vez que vi um vulcão! Soa um bocado mal, mas é sincero.
A paisagem é inacreditável. Agreste, dura, escura mas fora de tudo aquilo que já vi.
Senti-me pequenina e um pouco insegura, principalmente quando me disseram que a ultima erupção foi em 1995. Há 16 anos atrás, um dos vulcões secundários entrou em erupção, para libertar a pressão acumulada no principal. O rasto da destruição ainda está visível e estará para lavar e durar, passo a expressão.
Por entre o cinzento do terreno, despertam algumas plantas e principalmente flores. É o milagre da natureza que se revela.
São quilómetros de paisagem inóspita, em que só os postes de iluminação que acompanham a estrada, nos lembra que ali vive alguém. Vivem como nas outras ilhas, sem mais nem menos. Cultivam o pouco solo que resta e fazem vinho.
O Vinho da Chã é famoso internacionalmente. É diferente, estranho mas muito agradável.
Para mim, mera europeia, é confuso perceber como vivem, como sobrevivem e como se cresce numa zona de lava arrefecida.
São africanos, mas quase todos ostentam cabelo e olhos claros.
Genética dos antepassados franceses, holandeses e mais uns quantos do norte da Europa, que por lá criaram raízes e deixaram descendência. São atípicos, exóticos mas não deixam de ser africanos na sua génese.
Vivem com pouco e alegram-se por poder partilhar. São humildes, educados, prestáveis apesar de passarem os seus dias em cima de um vulcão adormecido!
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