“TV IS PROVIDING ARTIFICIAL FRIENDS AND RELATIVES TO LONELY PEOPLE“
Kurt Vonnegut
Qual o electrodoméstico mais conhecido no mundo e perfeitamente indispensável em qualquer lar e quantos mais houver melhor??
A televisão, claro!!
A caixinha mágica ocupa lugar de destaque em todas as salas e até é ela que determina o posicionamento de móveis, sofás e até as regras de convívio social. A emissão televisiva substituiu a conversa em família, impondo-nos os monólogos noticiosos ou os dramas novelísticos, sempre presentes à hora da refeição. Mas nós já nem estranhamos.
Desde pequenos (à data actual, porque no meu tempo não era bem assim) vemos televisão muito antes de sabermos falar, brincar, ler ou escrever. Acaba por ser uma presença assídua que passado algum tempo passa a ser intrínseca.
O desenvolvimento tecnológico e o investimento necessário para manter a máquina a funcionar, transformou-a num media omnipotente, omnipresente e omniconsciente. Ela domina-nos tal como domina os média na sua totalidade. Os jornais tornaram-se numa amálgama de notícias superficiais, um recurso à emoção e à tragédia, onde a imagem funciona cada vez mais para atrair o leitor. Até os próprios jornalistas só conseguem uma carreira de sucesso e integrada em pleno, quando aparecem no pequeno ecrã. Quem conhecia o Sr. Professor Marcelo Rebelo de Sousa antes de ser presença assídua na TVI, com os seus comentários que não agradam nem a gregos nem a troianos?
Existem os milionários, os muito ricos, os ricos, os que por valor próprio merecem aparecer e os que aparecem para serem reconhecidos.
O “JETV” é dominado pelas caras que ela nos trás, não necessitando de ser único ou exemplar, basta simplesmente aparecer
Já na vida politica, tornou-se o palco central de actuação. O carisma e charme televisivo ajudam a alcançar objectivos políticos, medindo-se as vezes que aparecem, a sua telegenia e a capacidade de comunicação. Nos dias que correm ser bom politico já não se baseia em honestidade, competência ou inteligência, dependendo da forma como “comunicam”, como “passam a mensagem” pretendida, em frases trabalhadas ao milímetro, que rendem votos ou simpatias na ascensão ao poder.
Aqui há uns anos, a televisão era considerada o “quarto poder”. Não se iludam! Rapidamente se transformou no “primeiro” e não existe oposição que a detenha.
O acto de ver televisão está perfeitamente ultrapassado. Ela é que nos vê, nos controla os hábitos e horários, as tendências e decisões. Depois é só esperar que a magia comece!
O seu poder é extremamente abrangente, como meio de propaganda, incutindo ideias certas a quem ainda não as tem. Tanto nos influencia nas compras de supermercado, como na forma como vimos o Governo. Consegue ser um instrumento de controlo social, modelando consciências para sobrevivermos à sua ditadura. Ela é um meio de transmissão de mensagens, sejam elas quais forem, porque tal como qualquer ditadura de tempos passados ou actuais, nunca teremos opção de escolha.
A televisão controla a sociedade e a nossa forma de estar na mesma, influenciando a forma como vemos o que nos rodeia. Por isso, pelo poder que tem em todos e em cada um de nós, se tornou indispensável.
"One of the few good things about modern times: If you die horribly on television, you will not have died in vain. You will have entertained us."
Kurt Vonnegut
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