Amigas Improváveis
Árvore da Vida ( 1905 ) - Gustav Klimt Conheci-a no café do bairro. Partilhava mesa com outras senhoras da mesma idade. Todos os dias, foram o meu primeiro bom dia. Tinha de sorrir logo pela manhã, e isso fez de mim uma pessoa melhor. Criámos uma ligação que, por mais improvável que seja, não deixa de ser reconfortante. Mas ela é especial. Vejo nela, muito de mim. Independente, solitária, de palavra fácil e de sorriso contagiante. Adora arranjar as unhas e o cabelo, comprar roupa e viver o momento. Recorda os velhos tempos, sempre com episódios matreiros, da vida de jovem numa aldeia em Vila Real. Depois remata com a vida boémia que teve, desde que veio para Lisboa. Tem um humor sarcástico e certeiro, mas é uma pessoa fantástica. Um diamante, totalmente polido e muito real. Comecei a preocupar-me quando não a via, a dar-lhe conselhos e a resolver os pequenos problemas, que os seus 69 anos já não conseguem superar. Acerta...